*por Rafael Barros
Encontramos em nosso país um cenário bastante atípico em termos de Matriz de Transporte de Carga, onde temos um verdadeiro desequilíbrio desta em virtude dos quase 65% de movimentação de carga acontecerem através de um único modal, no caso citado, o transporte rodoviário.
Estes números, ao mesmo tempo que se destacam, levam especialistas em infraestrutura de transporte como eu, a pensar que algo precisa ser feito, e de maneira urgente, para que se tenha uma Matriz de Transporte de Carga mais equilibrada, onde a intermodalidade tenha valor e destaque, assim como acontece em países como EUA, Canadá e Austrália (vide figura abaixo). Os dados abaixo nos levam a crer que precisamos fazer algo para sermos mais eficientes, e com este pensamento, o setor rodoviário continuará com sua imensa importância, porém, ele precisa “aprender” a trabalhar em conjunto com setores ferroviários e portuários, de forma que nossas cargas – tanto importação como exportação – possam chegar mais rápidas aos seus destinos, com redução de custos logísticos e automaticamente com a diminuição dos acidentes rodoviários e o elevado índice de poluição que assola este modal específico.
No Brasil, as concessões rodoviárias são responsáveis por 61% da movimentação de cargas e também por 95% do transporte de passageiros. Isso realmente representa um grande valor, e assim podemos dizer que as rodovias representam um valioso patrimônio nacional cuja conservação e restauração de seus leitos, bem como as duplicações necessárias, impactam diretamente no tráfego de veículos, que são essenciais para o crescimento da economia e para o desenvolvimento do país.
O mercado de concessões rodoviárias no país desempenha um papel fundamental, quando falamos em investimentos com valores aproximados de R$ 70 bilhões em obras de construção e outros R$ 66 bilhões em manutenção e melhoria do que já existe, desde o início do Programa de Concessões do Governo Federal no ano de 1995 até 2018. A grande verdade é que os investimentos privados, em particular, registraram crescimentos desde 2004 até 2013, descontada a inflação, pois o montante investido pelos concessionários de rodovias acumulou um crescimento de mais de 250,0%, refletindo, em grande parte, a expansão da extensão concedida a partir da segunda e terceira etapas de concessões rodoviárias federais. Já a partir de 2014, com as crises política e econômica que marcaram a conjuntura brasileira recente, advindos da Operação Lava Jato, o indicador mudou de trajetória, e iniciou-se uma tendência de queda gradual, porém contínua, do investimento privado em rodovias, que se manteve até 2019 e persiste em se manter neste ano.
Hoje, pode-se dizer que as concessões rodoviárias alcançam um nível de maturidade inédito permitindo avaliar o desempenho, as melhorias, os avanços e as lacunas da privatização de um setor como um todo, mesmo passando pelo período crítico atual.
Se levarmos em consideração a nova postura do Ministério da Infraestrutura que pretende levar “ao pé da letra” as questões relacionadas a privatizações ou concessões das rodovias federais em todo país, somado a uma visível e benéfica mudança dos índices econômicos para os próximos anos com entrada dos investimentos privados para o setor e a necessidade de crescimento do País através do desenvolvimento da infraestrutura de transporte, os setores relacionados a engenharia rodoviária e ao mercado de concessões e privatizações tendem a crescer, embora sofram com a falta de profissionais qualificado para atender a demanda. Por isso é essencial que você se qualifique cada vez mais.
E com a mentalidade voltada para contribuir com o mercado nacional, objetivando um melhor e maior aperfeiçoamento desta mão de obra específica exigida pelo panorama atual do país, a Faculdade Inspirar, com sede em Curitiba/PR e diversas unidades espalhadas pelo país, criamos um curso de pós graduação, a título de especialização, voltado para área ferroviária que se chama Especialização em Gestão de Infraestrutura Rodoviária, que está sendo lançado em outubro/2020 pelas unidade de Brasília/DF, Goiânia/GO, Campo Grande/MS e Dourado/MS, além de diversas outras unidades pelo país ainda em 2020. A fim de tornar real melhoria da malha rodoviária e reduzir os gargalos logísticos do país, este curso de especialização voltado para o transporte de carga e de passageiro, possui objetivo claro de qualificar profissionais das mais diversas áreas da engenharia (civil, mecânica, elétrica, ambiental, segurança do trabalho, produção, etc), além de cursos correlatos como administração, economia, logística e aqueles denominados como Tecnólogos, reconhecidos pelo MEC, de forma que o mercado esteja abastecido com os melhores especialistas rodoviários do país, advindo das nossas salas de aula.
São inúmeras as oportunidades que poderão ser criadas após a crise do COVID-19, e para termos sucesso em toda essa empreitada que está por vir, precisamos ter a certeza de que nos capacitando cada vez mais, nos especializando num setor extremamente importante e promissor para o sucesso da infraestrutura nacional nos próximos anos, teremos reais condições de fazer parte dessa história, contribuindo ativamente como o desenvolvimento e melhoria do setor de TRANSPORTE RODOVIÁRIO.
- Rafael Barros é engenheiro, especialista em Infraestrutura de Transporte, coordenador da pós de Gestão de Infraestrutura Rodoviária da Faculdade Inspirar.