Samia Maluf

Identidade olfativa, experiência com aromas e os benefícios da aromaterapia

Samia Maluf, psicóloga e aromatóloga, esteve em Curitiba para ministrar um workshop no Massa Week da Faculdade Inspirar. Ela é a idealizadora da marca By Samia – uma das pioneiras em aromaterapia profissional no Brasil. Com uma vasta experiência adquirida ao redor do mundo sobre o assunto, já ministrou no país diversos cursos e palestras e, agora, está em um processo de desenvolver um aroma para a Faculdade Inspirar. Aproveitamos sua vinda para a capital paranaense e batemos um papo sobre experiência olfativa, identidade olfativa e os benefícios da aromaterapia. Confira:

INSPIRAR – O que é uma identidade olfativa?

SAMIA- Então, por exemplo, se eu pegar a própria Faculdade Inspirar: ela tem um logotipo, ela tem uma cor, uma missão, uma crença, ela tem um valor. Isso tudo está imbuído no que a gente chama de visual. Essa identidade visual nós tentamos transportar para a parte olfativa. Então eu estou vendo aqui saúde, bem-estar, gestão, você é a nossa inspiração. Tudo isso eu vou ter que transformar em um aroma, que seja efetivo e claro e que os proprietários gostem.

INSPIRAR – Então não é simplesmente o dono escolher um aroma para a sua empresa?

SAMIA – Não. Ele até tem que gostar porque tem a haver com o que ele se inspirou para fazer o projeto, mas a gente leva em consideração uma série de coisas e não simplesmente eu pegar um aroma que foi de uma determinada empresa. Eu tenho um case muito forte com uma empresa de moda e as pessoas me perguntam se eu faço aquele aroma, aí eu falo que não, porque você está usando dentro da sua empresa um aroma de outra empresa, e as pessoas vão lembrar daquela outra e não da sua empresa. Não é simplesmente aromatizar.

INSPIRAR – Qual a principal diferença entre o aroma com óleos essenciais e os sintéticos?

SAMIA – Então, para você ter uma ideia muito simples quando eu falo de sintético: ele copia a natureza. Ele vai pegar algumas moléculas químicas que são exatamente só o aroma, a gente fala que é uma molécula morta, porque eu não vou ter nenhum processo curativo. Se eu tiver uma insônia e eu usar uma essência sintética, ela não vai me levar a uma resolução de dormir melhor como se fosse uma medicação. Já o óleo essencial é retirado da planta – é uma essência que a planta produz e tem mais de 300 ativos que podem ter efeitos terapêuticos. A essência sintética eu traduzo como uma matéria morta e o óleo essencial como uma matéria viva.

INSPIRAR – Como um aroma próprio da Inspirar pode influenciar na educação? O que acarreta para o aluno?

SAMIA – A ideia de você criar um aroma para a Inspirar ou para qualquer local é que você estará mexendo com a memória emocional. Porque do dia que nós nascemos, até o dia que morremos, somos bombardeados por aromas e odores e isso vai ficar guardado na memória. Quando a gente sente esse aroma novamente, a gente resgata essa memória emocional e olfativa. Seria a mesma coisa quando nós todos tomamos um chá com um bolo de fubá com erva doce, quando você sente isso você vai lembrar se foi a sua mãe ou sua avó e te traz essa sensação de bem-estar. Então cientificamente estudamos que os aromas e óleos essenciais efetivamente vão trabalhar em termos do nosso sistema límbico e neurotransmissor.

Pensando para a Inspirar: que delícia você pensar na faculdade transformando e inspirando novas pessoas com novos conhecimentos! Eu fico pensando pra Inspirar num aroma que traga essa memória emocional, mas que também traga uma forma de ter mais foco, mais atenção para aquilo que você está estudando e fazendo no momento.

INSPIRAR – É cientificamente comprovado os efeitos dos aromas?

SAMIA – Sim. O nosso hipocampo é responsável pelas nossas respostas viscerais. Olha, estou aqui com você fazendo uma entrevista, se tivesse um aroma e essa entrevista está sendo muito agradável, esse aroma neste momento seria armazenado como uma boa reação e um bom aroma. Num outro momento, se em outro local, eu sinto alguma nota desse aroma, aí vai me remeter exatamente para essa situação, para a Faculdade Inspirar, para essa entrevista agradável. Porque é uma forma de eu resgatar memórias, isso é cientificamente comprovado. Se pensarmos de um modo mais simplista: o gás de cozinha é odorizado porque no nosso córtex olfativo, quando a gente sente um aroma e traduz para o sistema límbico que é um odor, é desagradável, e o gás de cozinha não é uma coisa boa de você sentir, o cérebro estará nos alertando. O gás é inodoro, mas quando ele foi odorizado quer dizer que é perigo, então eu vou sair correndo. Usamos também situações agradáveis com aromas agradáveis que te remetem a boas memórias para baixar o estresse. Nós temos pesquisas dentro da área de psicofarmacologia em como os óleos essenciais agem como modulador de serotonina, no receptor de benzodiazepínicos que pode ser um ansiolítico potente.

INSPIRAR – E o profissional capacitado para trabalhar nessa área tem que ter um curso de aromaterapia?

SAMIA – Normalmente falamos para que seja feito um curso de aromaterapia. Na França existe a aromatologia que está mais ligada a doenças mais crônicas e situações microbianas. Mas a aromaterapia na França, Inglaterra, no Brasil e no mundo inteiro é uma ciência a ser estudada que complementa qualquer outra profissão. Então o publicitário pode fazer isso – tanto é que já desenvolvemos aromas para diversas campanhas. Da mesma forma que se estuda a cromoterapia como ciência e influência das cores também estuda-se a influência dos aromas.

INSPIRAR – Dá para dizer que o Brasil ainda está caminhando na aromaterapia?

SAMIA – Sem dúvidas. Se você pensar, quando eu comecei a trazer a aromaterapia, em 1998, e lancei a empresa em 2000 – nós temos 19 anos de aromaterapia aqui no Brasil, então ainda é um nome meio desconhecido

G. Luca R. Niotti

G. Luca R. Niotti

Gestor de Comunicação do Grupo Inspirar.
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