Sequelas da Covid

E a necessidade de profissionais capacitados

A pandemia deixa marcas também para os que conseguiram superar a doença. Estudos apontam que até 80% dos recuperados sentem ao menos um sintoma em até quatro meses depois do fim da infecção.

As principais manifestações do pós-Covid relatadas são:

· Cefaleia;

· Depressão e ansiedade;

· Dificuldades de linguagem, raciocínio e memória;

· Dispineia;

· Dor no peito;

· Dores de cabeça;

· Dores musculares;

· Fadiga;

· Falta de ar;

· Palpitações;

· Perda de paladar e olfato;

· Perda de peso;

· Queda de cabelo;

· Tontura;

· Tromboses.

Uma pesquisa realizada pela Coalizão Covid-19 Brasil, que acompanhou cerca de mil indivíduos internados, concluiu que até 17% deles tiveram que ser hospitalizados novamente tempos depois de contraírem a doença – e 7% morreram até seis meses depois da alta.

“O inimigo comum e mais conhecido entre os pacientes pós-Covid é sem dúvida alguma a fadiga motora sistêmica – apesar de não ser um padrão encontrado em todos os pacientes, a fadiga representa a queixa mais comum no curto e médio prazo após o fim do ciclo viral agudo da Covid”, afirma dr.Esperidião Elias Aquim, fisioterapeuta respiratório, presidente da Inspirar e diretor da Prófisio.

A longa permanência nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) representa um critério importante para a incidência de fadiga muscular sistêmica, por outro lado, nos casos mais leves que não necessitaram de internações de longa permanência, o comprometimento sináptico aparentemente decorrente da carga viral acaba respondendo pela fadiga nestes casos mais leves.

A Fadiga Motora Sistema exige um cuidado também sistêmico – razão pela qual as equipes multidisciplinares a serem constituídas devem ser dotadas de um olhar mais amplo e eclético sobre o paciente.

Esperidião ressalta a necessidade de profissionais altamente especializados e aptos para atender pacientes pós-Covid. “Na fisioterapia a formação clínica se torna mais necessária a cada dia. Um profissional com capacidade de um olhar clínico sistêmico e intervenções motoras, respiratórias, articulares e metabólica. Um profissional cada vez mais raro no mercado, pois durante as últimas décadas a dedicação e os estudos caminharam para áreas restritas do conhecimento, porém, com muita profundidade numa área específica da fisioterapia”, analisa.

Algumas áreas da fisioterapia já exigiam conhecimentos mais amplos, como é o caso da Fisioterapia em Terapia Intensiva, porém, na maior parte das outras especialidades este critério nunca foi uma prerrogativa essencial.

Diante deste cenário, o mercado deve exigir cada vez mais formações horizontalizadas em detrimento da verticalização do conhecimento – isso desperta a necessidade de cursos que ofereçam no mesmo espaço reabilitação motora e respiratória, cursos que privilegiem uma clínica apurada e um repertório terapêutico vasto.

“Olhando o presente já com uma espiada para o futuro, tenho cada vez mais a convicção da necessidade do Fisioterapeuta Clínico, uma especialidade ainda não desenvolvida, porém necessária”, conclui dr. Esperidião.

Diogo Dias

Diogo Dias

Jornalista com mais de 10 anos de experiência na área da comunicação.
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