Dia 10 de setembro marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, e todo mês é conhecido como Setembro Amarelo. Mas você sabe a origem da campanha?
Início:
Há 28 anos o adolescente estadunidense Mike Emme, de 17 anos, acabou tirando a própria vida. O rapaz tinha como marca registrada seu Mustang 68, que ele mesmo restaurou e pintou de amarelo. Apesar da sua personalidade carinhosa, Mike tinha diversos problemas psicológicos. Seus amigos e familiares não perceberam que o jovem sofria, então, não conseguiram evitar sua morte.
No dia do velório fizeram uma cesta cheia de decorações e fitas amarelas. Dentro dela tinha mensagens como: “Se você precisar, peça ajuda.” Essa iniciativa foi o estopim para que uma mobilização de prevenção ao suícidio começasse a ser feita no país. A atitude acabou se popularizando, e ganhou visibilidade internacional. O fruto dessa lamentável história foi a escolha do símbolo da luta contra o suícidio. Felizmente o assunto acabou virando tópico de pautas que não eram muito debatidas e não tinham muita atenção, salvando milhares de vidas depois.
No Brasil:
Iniciado em 2015, a campanha do Setembro Amarelo é um trabalho conjunto da CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
O objetivo é o de conscientizar sobre doenças psicológicas e dar visibilidade à causa. Nos últimos anos, grandes associações do setor privado, escolas e universidades se envolveram neste movimento de apoio. O setor público também dá visibilidade: além de campanhas educativas, grandes monumentos “ficam amarelos” para chamar a atenção para o tema como o Cristo Redentor, Congresso Nacional, Palácio do Itamaraty, Elevador Lacerda, Jardim Botânico,entre outros.
Na Direção da Vida:
O projeto produzido pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) tem como intenção chamar atenção para a importância de falarmos sobre problemas como angústia, depressão, bipolaridade e suícidio.
Mas o que é cada transtorno e como podemos lidar com eles?
Angústia
É uma sensação psicológica, que acaba influenciando o humor e o comportamento. De acordo com a psiquiatria, ela é um sintoma da depressão, no entanto, nem todas as pessoas com angústia recorrente são depressivas. Essa sensação pode, também, estar ligada a traumas ou manifestações de ansiedade.
A angústia só vai ser considerada uma enfermidade se a pessoa apresentar sintomas como: falta de concentração, tristeza permanente, inquietação e pensamentos negativos. A intensificação desses sintomas podem levar a pessoa à depressão. Remédios que aliviam a ansiedade, fadiga, depressão ou insônia com estabilizadores de humor ajudam a diminuir o problema.
Depressão
É comum as pessoas ficarem tristes por alguma situação, mas a depressão é diferente de estar triste. Para seu diagnóstico a pessoa precisa apresentar um quadro grave de anedonia, que é a diminuição ou ausência de interesse ou prazer em coisas que antes pessoa gostava.
Acompanhando esses sintomas vêm:
*A alteração no sono, fazendo a pessoa dormir pouco ou muito.
*Alteração no apetite ou peso – a pessoa passa a comer muito ou deixa de comer.
*Redução da atenção, concentração e memória.
*Cansaço ou baixo nível de energia.
*Pensamentos de culpa, baixa autoestima, desesperança em relação ao futuro, morte ou suícidio.
*Irritabilidade, impaciência, pessimismo e negatividade.
Nem sempre a tristeza aparece, mas a pessoa acaba ficando mais irritada e negativa. Para diferenciar uma tristeza “normal” da depressão é necessário buscar algum profissional da saúde. Os tratamentos são diferentes para cada paciente, pois vai depender da intensidade, gravidade e duração dos sintomas. Às vezes prescrever antidepressivos não será necessário, e a psicoterapia pode ajudar no tratamento da doença.
E mesmo com receita dos antidepressivos, nem sempre serão a solução para depressão. Dependendo da origem desse sentimento, é necessária a mudança estrutural na vida da pessoa. Por exemplo, uma garota que sofre bullying na escola talvez não consiga melhorar se ela não trocar o ambiente em que convive.
Síndrome do Pânico
Caracterizada por crises de ansiedade repentina e intensa. Acompanhada com uma forte sensação de medo ou mal-estar, elas podem acontecer em qualquer lugar, contexto ou momento. Ela acontece quando o “alarme cerebral” dispara sem que haja um perigo real, provocando a sensação de medo e intenso mal-estar.
Seus sintomas são: aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração; falta de ar; pressão ou dor no peito; palidez; tontura; formigamentos; tremores e pernas bambas; calafrios ou ondas de calor; desmaio ou vômito no pico da crise.
Ela pode aparecer em situações extremas de estresse como brigas, mortes, crises financeiras, mortes na família, experiências traumáticas na infância ou depois de assaltos e sequestros. Pessoas que os pais têm transtornos de ansiedade também são mais propícias a desenvolver síndrome do pânico.
Seu tratamento é uma combinação de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos com psicoterapia e deve ser conduzido por um médico psiquiatra. A duração vai depender da intensidade da doença, e pode variar entre meses a anos. O diagnóstico pode demorar para ocorrer já que alguns sintomas físicos da doença podem ser facilmente confundidos com um infarto.
Ansiedade
A ansiedade é um sentimento ligado à preocupação, nervosismo ou situações de extremo medo. Mesmo sendo uma sensação natural do corpo, no momento em que ela começa a atrapalhar o dia a dia, acaba se tornando um distúrbio. Seus sintomas podem ser físicos ou psicológicos e devem ocorrer frequentemente por mais de 6 meses para poder diagnosticar alguém.
Sintomas Físicos:
-Náuseas e vômitos;
-Tontura ou sensação de desmaio;
-Falta de ar ou respiração ofegante;
-Dor ou sensação de aperto no peito e palpitações no coração;
-Roer unhas, sentir tremores e falar muito rápido;
-Tensão muscular;
-Irritabilidade e dificuldade para dormir.
Sintomas Psicológicos:
Dificuldade de concentração;
Preocupação excessiva;
Medo constante;
Descontrole dos próprios pensamentos.
O tratamento difere de acordo com a intensidade e necessidade de cada paciente. Eles podem variar entre psicoterapia, uso de medicamentos e tratamentos naturais.
A psicoterapia é orientada por um psicólogo. Esse tratamento geralmente é escolhido para casos leves ou iniciais, com o objetivo de controlar e evitar os sintomas sem que precise do uso de medicamentos.
Os medicamentos são escolhidos para casos mais fortes e é de extrema importância ter o acompanhamento dos efeitos. Geralmente são receitados antidepressivos, ou ansiolíticos.
Os tratamentos naturais são para complementar. Exercícios físicos como dança, yoga e pilates ajudam bastante. Essas atividades proporcionam uma sensação de bem-estar que reduz a ansiedade e o estresse.
Bipolaridade
A bipolaridade é um transtorno cerebral que acaba influenciando em mudanças bruscas no humor, energia, níveis de atividade e na capacidade de realizar tarefas do dia a dia. Mesmo existindo subcategorias do transtorno bipolar, todas apresentam as características anteriormente citadas.
Existem quatro tipos básicos de transtorno bipolar, sendo eles:
Transtorno Bipolar I: marcado por episódios maníacos que duram pelo menos 7 dias. Ou sintomas maníacos tão graves em que a pessoa necessita de cuidados hospitalares o mais rápido possível. Logo vem uma onda de episódios depressivos, que duram pelo menos duas semanas.
Transtorno Bipolar II: tem um padrão de episódios depressivos e hipomaníacos, mas não como os maníacos citados acima.
Desordem ciclotímica: definida por períodos de sintomas hipomaníacos, e com períodos depressivos de pelo menos 2 anos (ou 1 ano em casos de crianças e adolescentes).
Outros Transtornos Bipolares e Relacionados Especificados e Não Especificados: apresentam sintomas de transtorno bipolar, mas não correspondem às categorias citadas acima.
Sintomas
Episódio Maníaco: Sentimento de euforia; Muita energia; Dificuldade para dormir; Fala rápida; Ser agitado, irritável ou “sensível”; Fazer coisas arriscadas, como gastar muito dinheiro.
Episódio Depressivo:Pouca energia; Sentimento de vazio e sem esperança; Diminuição nas atividades; Problemas de concentração; Esquecer coisas; Alteração no apetite; Sentir-se muito cansado.
O diagnóstico com um bom tratamento consegue levar a pessoa bipolar a ter uma vida saudável e produtiva. Falar com um psiquiatra ou um psicólogo é necessário para quem desconfia que passa por um transtorno bipolar, assim o profissional consegue tirar as verdadeiras conclusões.
Os tratamentos são muito semelhantes aos da ansiedade. Podendo ocorrer pela psicoterapia ou por meio de medicamentos – a maior mudança acontece no tipo de medicamento. Os que geralmente são utilizados para tratar desse distúrbio são: estabilizadores de humor, antipsicóticos atípicos e antidepressivos.
É importante reforçar que não é só em setembro que a sua saúde mental merece atenção. Procure sempre algum especialista, pois doenças psicológicas muitas vezes são silenciosas e merecem atenção!