Ansiedade e Depressão Agravadas

Janeiro Branco traz campanha para a Saúde Mental. Um olhar extremamente importante, principalmente num mundo pós-pandemia.

Ansiedade, depressão e suicídio no Brasil

Dados obtidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) relevam que o transtorno da ansiedade atinge cerca de 20 milhões de brasileiros – mais de 9% da população brasileira, o que coloca o Brasil como o país mais ansioso do mundo! A doença é mais frequente do que imaginamos e, se não for tratada, pode originar outras como: transtorno obsessivo-compulsivo; problemas de fobia; estresse pós-traumático e ataques de síndrome do pânico.

O estudo também apontou que cerca de 12 milhões de pessoas sofrem de depressão – número que representa 25% do total da população. Realidade que dá ao país o título de segundo colocado no ranking americano sobre depressão, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Observando o grande número de alterações mentais e problemas psicológicos, que podem levar ao suicídio, o Ministério da Saúde (MS) verificou que esta é a quarta maior causa de mortes de jovens no Brasil.

Saúde Mental

A saúde mental é vista como o bem-estar do indivíduo de forma integral, ou seja, alcança diversos aspectos do ser humano, como a vida social, profissional, emocional e conjugal. Ela também é interpretada como o equilíbrio das emoções.

Neste sentido, a ansiedade e a depressão são doenças que afetam diretamente a saúde mental das pessoas, por proporcionar um desequilíbrio físico e psíquico que reflete em todas as suas outras esferas. “Tanto a ansiedade como a depressão estão relacionadas a desequilíbrios químicos que provocam alterações no humor, ou seja, alteram os níveis de neurotransmissores como a dopamina, serotonina e outros”, esclarece Maria Thereza Bond – coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Inspirar.

Saúde Mental x Pandemia

A pandemia e o isolamento social intensificaram os níveis de ansiedade, cansaço, depressão e estresse na população em geral, especialmente dos profissionais que estão trabalhando na linha de frente do enfrentamento ao vírus.

Entre abril e maio de 2020 a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em conjunto com outras instituições, realizou uma pesquisa online com profissionais de serviços essenciais, que trabalham no Brasil e na Espanha. O estudo entrevistou 3,7 mil pessoas e analisou os impactos psicológicos sofridos por eles. De acordo com os números levantados, as manifestações de ansiedade e depressão apareceram em 47,3% dos entrevistados.

Neste sentido, o ano de 2021 pode ser intensificado pela ansiedade e depressão levando em conta os traumas vividos pela pandemia. “É um período que convoca a todos, numa experiência perturbadora e a cada um, sob a responsabilidade de um “fazer algo” com os efeitos, consequências e possibilidades diante desse perigo real que se apresentou ao mundo”, afirma a psicanalista Silvana Cardoso Aquim.

“O agravamento da ansiedade e depressão aparecem como possibilidade de resposta ao desabamento do que se conhecia como vida comum – no uso da liberdade do ir e vir, nas decisões das relações sociais e familiares, e de produção remunerada ou não. Com o desabamento, perda repentina, pode suceder o desamparo humano, característica de uma experiência, íntima e brutal, que a angústia antecede como forma de defesa. A pandemia ofereceu a todos o encontro com a incerteza, expressão do desamparo, frente às organizações do próprio corpo, da natureza, das relações ao próximo e ao mundo (econômico, científico e político). Freud em “O Mal Estar na Cultura” enumera três fontes de mal estar para o humano:

1. A natureza e suas forças, perante a qual o homem pouco pode fazer

2. O próprio corpo, marcado pela finitude e seus avatares

3. O próximo, aquele de quem precisamos desde o início e tememos pelo encontro agressivo ou discordante.

A pandemia contempla os três”, enfatiza Silvana.

Claro que um pouco de ansiedade é natural do ser humano, mas tem que ficar atento quando isso prejudica e afeta o dia a dia das pessoas. “O fazer com a ansiedade, na cultura em geral, apresenta algumas possibilidades com terapias auxiliares e formas de adaptação que podem ofertar um bom resultado. Na apresentação da angústia, sempre é necessário avaliar sua extensão: o sujeito é convocado, tocado, de forma incontrolável no corpo e no mal estar geral. Por isso o uso da palavra própria, da contextualização das possibilidades de cada pessoa, é fundamental! Desta perspectiva de limitação e violência sobre as possibilidades de responder as situações que também se avalia o uso de medicamentos”, explica a psicanalista.

Janeiro Branco

O Janeiro Branco é uma campanha em prol da saúde mental e seu objetivo é colocar o tema em evidência, promovendo a conscientização sobre a importância da prevenção do adoecimento mental.

Atualmente as doenças mentais passaram a serem vistas com outros olhos pela população, mas ainda existem muitos mitos em torno do tema. Neste quesito, o profissional da saúde busca na ciência a sua principal aliada e tem a difícil missão de tentar desmistificar as doenças mentais, deixando-as no mesmo patamar das outras doenças, passando o pensamento de que se algo está prejudicando o bem-estar do indivíduo, então é preciso que seja feito um tratamento para melhorar a condição emocional dele.

Esta campanha brasileira foi iniciada em 2014 e serve de alerta para a sociedade, que deve buscar qualidade em sua saúde mental e emocional.

A psicóloga Maria Thereza Bond destaca a relevância a respeito do mês de prevenção à saúde mental. “A ação é extremamente promissora, para que uma nova visão sobre o psiquismo humano, para que ele possa ser valorizado e melhor compreendido em nossa sociedade, tanto dentro das famílias como dentro das empresas e, principalmente, no desenvolvimento dos primeiros anos de vida, onde formamos nossa personalidade e que, por tantas vezes, nos deparamos com abusos e violências psicológicas e físicas”, ressalta.

Alguns dos sintomas físicos da ansiedade e depressão:

· Cansaço;

· Desordens digestivas;

· Dores no corpo;

· Insônia;

· Sensação de aperto no peito;

· Sentimento de angústia;

· Suor excessivo.

Formas de combate à ansiedade e depressão:

A ansiedade é um fenômeno de organização adaptativa do organismo, frente a novos estímulos.

Dentre as alternativas de tratamento estão:

· Adaptar-se às circunstâncias;

· Aprender a lidar com as alterações de humor;

· Procurar por tratamento terapêutico, psiquiátrico e/ou psicológico;

· Fazer uso de medicação, se necessário.

G. Luca R. Niotti

G. Luca R. Niotti

Gestor de Comunicação do Grupo Inspirar.
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