Informações sobre transtornos psicológicos estão ficando cada vez mais populares e, muitas pessoas que começam a se identificar com alguns sintomas, buscam ajuda psicológica.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) geralmente é diagnosticado na infância, mas isso não significa que não existam diagnósticos tardios. A existência de diferentes níveis de intensidade, às vezes, acabam retardando o conhecimento a respeito do transtorno.
Os sintomas:
- Dificuldade para interagir socialmente, manter contato visual, e expressar suas emoções;
- Dificuldade na comunicação, optando pelo uso repetitivo da linguagem e bloqueios na hora de manter uma conversa;
- Alterações comportamentais: manias, apego excessivo na rotina, sensibilidade sensorial, dificuldade na imaginação, interesse intenso em coisas específicas.
Diagnóstico tardio:
De acordo com o professor de ABA, da Faculdade Inspirar, João Eduardo Cattani, mesmo tardio, o diagnóstico traz benefícios como: a autocompreensão e a facilitação na convivência com as outras pessoas, pois elas tendem a aumentar o nível de compreensão.
Pessoas com o diagnóstico tardio ouvem brincadeiras e comentários ao longo da vida que acabam provando essa curiosidade de: será que eu sou?
Graus:
Hoje em dia o espectro autista apresenta 3 níveis de intensidade. A comunidade médica chama esses níveis de níveis de suporte.
- Grau 1 (nível de suporte leve): pessoas que estão englobadas nesse nível não apresentam grandes prejuízos na questão intelectual ou na linguagem funcional. Geralmente elas tendem a ter uma maior dificuldade para iniciar relações e não demonstram muito entusiasmo com novos relacionamentos. Também podem apresentar problemas de organização e planejamento.
- Grau 2 (nível de suporte moderado): nesse nível a pessoa apresenta uma dificuldade para se comunicar de maneira verbal e não verbal, e tem ainda mais dificuldade para interações sociais. Seus padrões e apego à rotina são mais intensos, então apresentam uma maior dificuldade ao lidar com mudanças.
- Grau 3 (nível de suporte severo): são as pessoas que sentem muita dificuldade para se comunicar e precisam de um suporte. Suas habilidades sociais e linguagem funcional são bem frágeis e tendem ao isolamento social caso a pessoa não seja estimulada. No quesito lidar com mudanças, nesse nível é ainda mais acentuado a dificuldade de lidar com o novo.
Conversamos também com André Marques, coordenador da pós-graduação de ABA de Curitiba. Ele explica que não tem como acontecer uma intensificação do TEA, só que é mais fácil auxiliar uma criança com esse diagnóstico porque as exigências no geral são menores, mas ao longo do desenvolvimento do indivíduo, mais demandas o mundo apresenta para ele, necessitando de um nível de suporte maior.
O contrário também é possível: uma pessoa com a intervenção adequada, cada vez menos vai precisar de suporte para viver.
Na prática:
Angelo Aparecido de Souza Junior, de 41 anos, foi diagnosticado recentemente com o Transtorno do Espectro Autista. Ele foi atrás de um psicólogo por causa de questões pessoais e a princípio o espectro autista não estava em discussão, ele só foi identificado um tempo depois.
Angelo confirmou que sentiu alguns pontos se encaixarem após o diagnóstico, as pessoas à sua volta já desconfiavam, então sempre o tratavam com muita compreensão.
Mesmo com o diagnóstico tardio, o que pode melhorar na qualidade de vida?
O professor André Marques complementa dizendo que o melhor a ser feito é buscar um atendimento especializado, pois os profissionais podem auxiliar o indivíduo a identificar suas dificuldades e direcionar para o atendimento.