Neuroplasticidade na Fisioterapia Neurofuncional

Como recuperar funções motoras e cognitivas após lesões neurológicas?

Na neuroplasticidade é essencial o conhecimento dos seus mecanismos na fisioterapia neurofuncional para tratar distúrbios neurológicos. Mesmo após lesões cerebrais, o cérebro pode se reorganizar e produzir novas conexões neurais que ajudam na recuperação de funções motoras e cognitivas.

Na fisioterapia neurofuncional, os profissionais utilizam técnicas específicas para estimular a neuroplasticidade e promover a recuperação funcional dos pacientes. Com exercícios personalizados e repetitivos, o cérebro é capaz de se adaptar e aprender a funcionar de maneira diferente, permitindo que o paciente recupere o maior grau possível de independência e funcionalidade.

Essa especialidade é indicada tanto para crianças como para adultos, uma vez que contribui para a recuperação das funções motoras, sensoriais e cognitivas após lesões. Sua aplicação é fundamental para a reabilitação de pacientes com lesões neurológicas, como traumatismo craniano, lesão medular, Acidente Vascular Cerebral (AVC), Paralisia Cerebral (PC), entre outras.

Neuroplasticidade e a Fisioterapia Neurofuncional

A fisioterapia neurofuncional trabalha para promover a neuroplasticidade positiva e a recuperação funcional do paciente, por meio da aplicação de diversas técnicas que favorecem a formação de novas conexões neuronais, melhorando a capacidade do paciente de realizar atividades cotidianas.

Portanto, o fisioterapeuta precisa conhecer e dominar os princípios da neuroplasticidade, considerando fatores que exercem influência sob tal, como o ambiente, treinamento da tarefa e a abordagem terapêutica.

“É necessário adequar a prática, sua especificidade, variabilidade, repetição e qualidade da sua realização, bem como a dosagem, intensidade e duração dos exercícios, além da progressão e motivação do paciente”, destaca a coordenadora da Pós-graduação de Fisioterapia Neurofuncional Adulto e Pediátrica da Faculdade Inspirar, Luize Bueno de Araujo.

No entanto, reprogramar o cérebro e recuperar funções requer tempo, paciência e esforço constante, pois para a finalidade ser alcançada é necessária a realização de exercícios específicos e repetitivos, os quais estabelecem novas conexões neurais e fortalecem as existentes.

Desse modo, a fisioterapia neurofuncional pode envolver um programa de exercícios personalizado, ajustado à medida que o paciente avança em sua recuperação. “A aplicação de diversas técnicas de forma repetitiva e específica pode ajudar o cérebro a formar novas conexões neuronais e, assim, melhorar a capacidade do paciente de realizar atividades cotidianas com mais facilidade e independência”, afirma a também coordenadora da Pós-graduação de Fisioterapia Neurofuncional Adulto e Pediátrica da Faculdade Inspirar, Dielise Debona Iucksch.

O intuito do plano fisioterapêutico neurofuncional é fazer o cérebro se adaptar e aprender a funcionar de maneira diferente, para o paciente recuperar o maior grau possível de aptidão e autonomia.

Dentre as inúmeras técnicas e recursos disponíveis é possível utilizar a estimulação transcraniana, estimulação multissensorial, imagem motora/prática mental, terapia de restrição e indução do movimento, realidade virtual e ambientes enriquecidos. Vale ressaltar que cada abordagem possui aplicabilidade, indicações e benefícios específicos. Veja quais são:

Estimulação transcraniana

A estimulação transcraniana é utilizada para modular a atividade neuronal em áreas específicas do cérebro, atua na despolarização dos neurônios do córtex cerebral, promovendo estabilizações clínicas a partir do equilíbrio químico decorrente da interferência sobre ativação ou inibição neuronal. É utilizada em pacientes neurológicos, desde crianças a idosos. É mais comumente usada em pacientes com acidente vascular cerebral, paralisia cerebral, esclerose múltipla, doença de Parkinson e lesão traumática do cérebro.

Estimulação multissensorial

A estimulação multissensorial ajuda a fortalecer as conexões neurais entre diferentes áreas do cérebro, promovendo a plasticidade sináptica e aumentando a capacidade do cérebro de se adaptar a mudanças nas condições ambientais, melhorando a percepção, integração sensorial e capacidade cognitiva.

Imagem motora e prática mental

A imagem motora envolve a visualização mental dos movimentos específicos, enquanto a prática mental promove a visualização do resultado desejado. Essas técnicas podem promover mudanças na atividade cerebral e são utilizadas em condições de lesões cerebrais, traumáticas, PC, Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença de Parkinson e Esclerose Múltipla.

Terapia de restrição e indução do movimento

Uma das técnicas com alta evidência científica utilizadas na fisioterapia neurofuncional é a terapia de restrição e indução de movimento que consiste em incentivar o uso do membro não afetado por meio de uma variedade de estratégias comportamentais. Isso estimula o cérebro a criar novas conexões neurais para controlar o membro afetado.

Realidade virtual

A realidade virtual é utilizada para criar ambientes imersivos e interativos que permitem aos usuários se envolver em atividades que podem ajudar a promover a recuperação de habilidades motoras e cognitivas. Além de fornecer estimulação sensorial específica, visual e auditiva que melhoram a função sensorial dos pacientes.

Ambientes enriquecidos

Os ambientes enriquecidos oferecem aos pacientes a oportunidade de experimentar, explorar e interagir com o local de maneira complexa e desafiadora. A utilização terapêutica desses ambientes viabiliza a neuroplasticidade por meio do aumento da complexidade sensorial, social e cognitiva, estimulando as células nervosas a formar novas conexões sinápticas e levar a uma maior formação de novos neurônios.

Com o uso dessas técnicas, muitos pacientes podem recuperar funções motoras e cognitivas que antes pareciam impossíveis. Por esse motivo, a neuroplasticidade permite que os pacientes com lesões no sistema nervoso alcancem o maior nível de evolução possível, conforme as peculiaridades de cada lesão (gravidade, tamanho, tempo, idade).

É preciso salientar que, por meio da prática constante e orientação especializada de um fisioterapeuta, é possível explorar a capacidade do cérebro para ajudar o paciente a recuperar o máximo possível de sua funcionalidade.

A aplicação da neuroplasticidade na fisioterapia neurofuncional é uma área em constante evolução. Os profissionais dessa área estão sempre buscando novas maneiras de estimular a neuroplasticidade e melhorar a reabilitação de seus pacientes.

 

 

G. Luca R. Niotti

G. Luca R. Niotti

Gestor de Comunicação do Grupo Inspirar.
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